Se você tem um coração que bate e bombeia seu sangue, levando oxigênio e nutrientes para cada célula do seu corpo… Dois pulmões que trocam gás carbônico por oxigênio, continuamente… E continuam se esforçando quando você dá uma corridinha pra pegar o ônibus… Dois rins que filtram seu sangue, jogando fora as toxinas pra você não adoecer… Um fígado que detoxifica toxinas que você nem imagina, armazenado glicose, liberando glicose, metabolizando gorduras e proteínas, produzindo bile, regulando a produção de colesterol e ainda tentando resistir e te proteger da última bebedeira… Se você ter pernas que te levam aonde você quer… Braços que te permitem abraçar quem você ama… Olhos que mostram o mundo… Ouvidos para ouvir o mundo… Lábios para beijar… Boca para comer e beber (e por que não, saborear um bom chocolate ou uma taça de vinho?)… Estômago e intestinos digerindo seu alimento e permitindo obter energia para que todo o corpo trabalhe… E ainda um cérebro, que orquestra todo esse trabalho silencioso e te permite fazer escolhas, aprender e a passar adiante qualquer tipo de conhecimento…. Então você já tem um corpo perfeito!!!! Seja grato por isso é trate-o com carinho e respeito.
Não o maltrate com loucuras dietéticas sem fundamento científico, não se torne uma vítima de padrões estéticos inatingíveis! Aproveite todos os seus minutos com esse corpo, pois sempre chega o dia em que temos de devolve-lo.
Depois do período de festas (e dos exageros gastronômicos e etílicos), começa a preocupação e peso na consciência. Fazer Detox parece a única saída e a solução milagrosa para “resetar” o corpo, perder peso e começar um novo ciclo. Suco verde com uma infinidade de variações, chás diversos, suchás (mix de sucos e chás), etc, prometem eliminar toxinas, ajudar na perda de peso, desinchar e “dar um refresco” para o pobre coitado do fígado…
E será que tudo isso funciona mesmo? Adianta fazer dieta Detox? Tomar suco verde?
Acertou você que pensou… DEPENDE! (tá, eu sei que essa não é a resposta que a maioria espera, mas é a única resposta honesta à maioria das perguntas que envolvem Nutrição).
E por que depende???
Bom, vamos lá… Primeiramente vamos tentar compreender o que significar detoxificar. Segundo o Dicionário Informal, detoxificar (ou destoxificar ou desintoxicar) “é a ação ou resultado de desintoxicar (-se)ou retirar as substâncias potencialmente tóxicas de dentro do organismo“.
Ok. E como isso é feito? Alguém tem idéia?
Através do suor, da urina e das fezes. Sério! Essas são as vias pelas quais nós eliminamos todo e qualquer resíduo prejudicial à nossa saúde. Mas infelizmente quase todo mundo se preocupa muito com o efeito do que pode ser ingerido pra detoxificar, mas não se preocupa com a “saída” e com a eliminação das toxinas… e isso é um grande problema.
O suor já um problema, pois no verão, todos tendemos a transpirar demais e a “solução” apresentada pela indústria de cosméticos são desodorantes antitranspirantes que prometer controlar o suor por até 48h ou mais! Tá…eu sei que é péssimo chegar encharcado de suor em qualquer lugar… mas impedir a transpiração é também impedir a eliminação de toxinas e é também interferir (de forma ruim) no controle da temperatura corporal (o suor existe para refrescar nosso corpo e impedir o super aquecimento interno). O que? Não dá pra dispensar o desodorante? Nem é possível substituí-lo por alternativas menos agressivas (como leite de magnésia com algumas gotinhas de algum óleo essencial)? Então, que tal não usar os antitranspirantes quando estiver em casa? Já é alguma coisa!
Outro ponto importante é que para detoxificar é necessário urinar! E bastante! Mas conheço muitas pessoas que não bebem água simplesmente para não precisarem ir ao banheiro! Tremendo tiro no pé, que pode se tornar um problema bem maior no futuro! São os rins que filtram o sangue e eliminam toxinas através da urina. Urina foi feita para ser eliminada e não guardada! Pessoas que urinam pouco, principalmente porque não bebem água, estão mais sujeitas a ter cálculo renal, principalmente no verão, época e que transpiram mais e desidratam mais depressa. Não beber água favorece também o inchaço, dificulta o controle da pressão arterial, provoca dor de cabeça (por causa da desidratação e também pelo acúmulo de toxinas) e ainda prejudica o funcionamento do intestino!
(Imagem da internet)
Ficar com o intestino preso é o mesmo que guardar lixo dentro de casa… portanto, o resultado nunca será bom! Prisão de ventre (ou constipação intestinal) também favorece o cúmulo de toxinas, o inchaço (inclusive abdominal) e faz com que as pessoas fiquem “enfezadas”… irritadas, mal humoradas, desconfortáveis… porque estão “cheias de fezes”, e portanto… intoxicadas.
Mas você ainda não se convenceu da importância de um intestino que funciona bem? Intestino preso favorece o crescimento de bactérias “do mal” no intestino, condição conhecida como disbiose, que pode evoluir para SIBO (síndrome do super crescimento bacteriano no intestino delgado). Disbiose e SIBO atrapalham um bocado a digestão! Quase tudo o que se come (e bebe) fermenta, gera gases, distensão abdominal, desconforto. Só isso já seria motivo de sobra pra cuidar bem do intestino, certo?
Mas o problema não para por aí! Bactérias “do mal” morando no intestino geram inflamação (condição conhecida como endotoxemia), que contribuem para o acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática), alterações no colesterol (porque o fígado fica “focado” em produzir colesterol “ruim”), resistência insulínica e pra completar… sobrepeso e obesidade! Sim… bactérias ruins podem contribuir para a obesidade e para atrapalhar todos os planos de emagrecimento! Ou seja… não adianta se matar na academia, se preocupar com as calorias e não dar atenção ao intestino!
Ok, ok… já escrevi demais pra um primeiro post do ano…
E o que tudo isso tem a ver com as dietas detox, com os sucos verdes e tudo o mais? Simplesmente tem a ver o fato deles serem excelentes fontes de fibras (desde que os sucos não seja coados e nem preparados na centrífuga), líquidos, magnésio, vitaminas e compostos de ação antioxidante, que estimulam todas as funções que mencionei acima.
Em tempo! Uma alimentação com bastante frutas e hortaliças, pouco (ou nada) de produtos industrializados e bastante água, receba o o nome que receber, terá ação detox!
Então bora detoxificar, pessoal! E Feliz Ano Novo a todos!!!
Num primeiro momento, pode parecer que sim, já que excluir o glúten da alimentação implica em abrir mão de muitos alimentos que fazem parte do hábito alimentar das pessoas, inclusive no Brasil, onde o trigo só chegou relativamente há pouco tempo (trazido pelos europeus, após a chegada de Cabral). Atualmente-se come trigo (a principal fonte de glúten do brasileiro, que não tem muito hábito de consumir centeio ou cevada – a não ser na forma de cerveja) em praticamente todas as refeições e por isso, ao exclui-lo da alimentação, num primeiro momento, fica a impressão de que se está vivendo sem glúten.
E por que tanta gente cortando glúten?
Os motivos são vários e talvez o de maior apelo seja a possibilidade de perder peso, como já falei nesse post aqui, inspirando-se nas celebridades que afirmam ter conseguido (e as bancas de jornal estão cheias de reportagens, cardápios e receitas que incentivam cada vez mais os leitores a tirar o glúten!). Há quem corte o glúten por ter iniciado alguma dieta detox ou por aderir à dieta Paleolítica ou a dietas low carb (como a do Atkinks ou a Dukan, que so permite aveia num dado momento), sem esquecer aqueles que fazem a dieta e adotam um estilo de vida totalmente glúten free porque sua vida depende disso, como celíacos, alérgicos ao trigo e sensíveis ao glúten.
A incidência das desordens relacionadas ao glúten (as quais já abordei aqui, aqui, aqui e aqui) parece estar aumentando cada vez mais, seja porque as pessoas estão mais atentas aos sintomas e tem procurado mais os médicos, seja porque realmente o consumo excessivo das fontes de glúten esteja desencadeando as desordens nas pessoas geneticamente predispostas, seja porque atualmente há uma tendência em colocar todos os nossos males na conta do glúten (deixando de pesquisar outras possíveis causas). Enfim, o fato que hoje em dia, muita gente come sem glúten.
Mas a questão é… será que só eliminar da dieta os alimentos que são fonte de glúten é suficiente?
Para quem tem alguma desordem relacionada ao glúten, definitivamente não é !!! E não é porque o glúten podem estar escondido nas mais diversas formas, e mesmo pequenos fragmentos já são suficientes para causar estrago nessas pessoas (eu me incluo aqui porque eu tenho doença celíaca) e eu me inspirei no post da Raquel Benati, na página Rio Sem Glúten:
Viver sem glúten implica em cuidar de muitos detalhes como forma de preservar nossa saúde, pois estudos científicos, como esse aqui mostram que a exposição à contaminação por glúten continua inflamando o intestino e provocando sintomas, entretanto, a inflamação pode persistir mesmo na ausência de sintomas e este acaba sendo o maior perigo, pois sem sintomas, as pessoas tendem a se descuidar.
E qual o problema desses descuidos? O grande problema está no risco aumentado de consequências mais graves como a doença celíaca refratária e o linfoma intestinal, passando por outras doenças autoimunes, que podem “pegar uma carona” na DC, infertilidade, osteoporose, anemia crônica, deficiências nutricionais diversas, fadiga crônica, etc…
E como evitar tudo isso, já que (segundo algumas pessoas) seguir a dieta sem glúten já é difícil, que dirá viver completamente sem glúten?
A primeira coisa a fazer (e o alerta também se destina aos profissionais de saúde) é investigar se a pessoa não possui nenhuma desordem relacionada ao glúten ANTES DE INICIAR OU DE INDICAR A EXCLUSÃO DE GLÚTEN! Pois uma vez que o glúten é excluído, as chances dos exames negativarem e de não se fechar um diagnóstico, são muito grandes.
Há quem diga “pra que sofrer com exames se você simplesmente excluir o glúten e viver melhor“? E eu até concordaria com isso, se as diferenças entre excluir o glúten e viver verdadeiramente longe desta proteína não fossem tantas.
Sem um diagnóstico fechado, as pessoas acabam se sentindo mais “livres” para fazer a dieta da forma que acham mais fácil, sem grandes preocupações com a contaminação e sem grandes estresses com a família, amigos e sem tantos impactos na vida social, entretanto, os impactos no futuro podem ser muito sérios e irreparáveis…
Assim, sugerimos sempre que os exames sejam feitos antes e que as pessoas evitem cortar o gluten por conta própria, sem a devida orientação de um profissional de saúde.
Muitas pessoas se assustam quando descobrem que estão com um acúmulo de gordura no fígado, ou esteatose hepática não alcoólica, na linguagem médica. E se assustam mais ainda porque consideram baixa sua ingestão de gordura e não se cansam de perguntar, “eu não como gordura, então como essa gordura foi parar no meu fígado”?
Figura encontrada no Google (www.yuasaude.com)
Bom, vamos por partes…
Comer gordura não necessariamente é ruim! Precisamos de gordura, mas gorduras de fontes boas, como azeite de oliva (que SIM, pode ser usado para cozinhar! E qualquer hora vou fazer um post só sobre isso), abacate, ovo com a GEMA, oleaginosas (castanhas do Pará, de caju, amêndoas, nozes, avelã, pistache, macadâmia, baru), coco, açaí (mas esqueça o açaí cheio de xarope de guaraná! To falando do açaí “de verdade”, puro). Mas essa gordura não vai direto para o fígado!
Tá, então de onde surge a gordura no fígado?
Bem, aqui o processo é um pouco mais complexo, mas vamos tentar simplificar. Geralmente as mesmas pessoas que tem medo de consumir gordura são as que mais exageram na ingestão de carboidratos: pães, bolos, biscoitos, salgadinhos, empanados… aqui não escapa nem a brasileiríssima tapioca! Muita pessoas que excluíram o glúten da alimentação, como os celíacos, na tentativa de substituir as preparações contendo glúten, acabam exagerando nas preparações contendo farinha de arroz, polvilho, amido de milho, fubá…
E tem aquelas pessoas que estão preocupadas em manter a forma ou em perder peso e correm da gordura, evitam os doces, regulam o consumo de frutas, mas estão sempre consumindo biscoitos light, iogurtes light, requeijão light, maionese light, etc. Excelente, não? Lamento desapontá-los, mas não. Isso é péssimo! Primeiro porque nem estamos falando de comida de verdade. Segundo, porque estes produtos sempre contém grande quantidade de aditivos químicos que acabam por prejudicar o bom funcionamento do organismo, como falei no post sobre detox e terceiro porque para se adequar a legislação dos light, os fabricantes precisam reduzir a quantidade de gorduras e calorias dos produtos. A princípio nos dá a impressão de que isso é ótimo! Mas não é bem assim.
Cada grama de gordura possui 9 Calorias (Kcal), enquanto que cada grama de carboidrato e de proteína possuem apenas 4 Kcal. Proteínas são os nutrientes mais caros, portanto, para a industria é mais vantajoso economicamente substituir a gordura que foi tirada de um produto, por carboidrato (estamos falando aqui de amido de milho, de açúcar, de maltodextrina, de açúcar invertido, de xarope de milho com alto teor de frutose e não de outros carboidratos mais bacanas) e ainda com a vantagem de aumentar a cremosidade e a melhorar a consistência de alguns, como iogurtes e requeijão por exemplo. Até aí,não parece haver nada demais, certo?
E qual o problema do carboidrato?
Nosso fígado tem um limite de armazenamento do carboidrato ingerido… esse estoque chama-se glicogênio, que serve para fornecer glicose para o cérebro nos momentos de jejum. Os músculos também fazem isso, mas em menor proporção e para “consumo próprio”. Quando extrapolamos a capacidade de armazenar glicogênio, para não desperdiçar energia, o corpo começa a produzir gordura (triglicerídios) a partir do carboidrato… esses triglicerídios tem 2 caminhos: parte segue para o tecido adiposo (e se acumulam na barriga e em outras regiões do corpo… as vezes só internamente, entre os órgãos – gordura visceral, que por sinal é a mais perigosa forma de acumular gordura) e parte fica dentro do fígado, esperando a ordem de ir para outro lugar. Se o gasto energético não aumenta, o “trânsito começa a engarrafar” dentro do fígado, e esses triglicerídeos vão se acumulando, gerando o quadro de esteatose hepática.
O grande problema é que gordura no corpo (principalmente quando estão onde não deveriam estar, como no fígado) gera inflamação! E inflamação gera uma série de reações e podem terminar com fibrose, ou seja, quando falamos de fígado, fibrose significa CIRROSE hepática, uma condição na qual todo o tecido ativo do fígado vai sendo substituído por tecido fibroso, sem função.
Mas além disso, ainda existem outras causas de esteatose hepática, como o consumo frequente e/ou exagerado de bebidas alcoolicas e diabetes descompensado.
E depois que a gordura já se instalou? Tem solução?
Dependendo do grau de esteatose tem, mas é necessário adequar a alimentação (e aqui entra o nutricionista), excluir todos os excessos de carboidrato (atenção!!! Não é excluir todos os carboidratos, mas sim, os “carboidratos ruins”) e aumentar a atividade física (devidamente supervisionada por um educador físico!). Não tem como entrar para a academia agora? Que tal então tentar andar um pouco mais, usar mais escadas que elevador? Já é algum começo pra deixar o sedentarismo!