Dieta sem lactose ajuda a emagrecer?

Depende!
Primeiro é importante analisar o que se entende por “sem lactose”, ou melhor dizendo, “o que cada um entende por sem lactose”…

1) A grande maioria dos produtos “sem” ou “zero” lactose disponíveis no mercado na verdade recebe adição da enzima lactase, que quebra a lactose em 2 açúcares menores: a glicose e a galactose. Ou seja, continuam sendo laticínios, porém com uma das etapas da digestão,  antecipada. Só isso.

Lactose e lactase
Mas muita gente entende que se é sem lactose é porque é sem leite…. Mas não é

zero lactose
2) Nos últimos anos a lactose tem sido muito mal vista e tem sido excluída da alimentação de muita gente. Dieta sem lactose virou sinônimo de dieta saudável. Mas será q realmente é?
Novamente a resposta é. .. Depende!

Realmente existe uma tendência (regulada geneticamente) da produção da enzima lactase diminuir ano apos ano, a partir do momento do desmame e muitas pessoas não se dão conta disso porque não apresentam episódios frequentes de diarreia, por exemplo. Mas podem apresenta e gases e distensão abdominal. Aí obviamente, ao trocar a versão comum dos laticínios pelos zero lactose, haverá uma diminuição de circunferência abdominal e melhora do desconforto. Algumas pessoas até relatam que “perderam a barriga”. Mas efetivamente não houve emagrecimento.
Mas esse efeito provoca uma sensação de bem estar e muitas pessoas acabam acreditando que emagreceram. E aí começa o risco do exagero…

Geralmente o que seduz nesse tipo de produto, é a palavrinha mágica “ZERO”. Lá no nosso inconsciente, o “zero” soa como algo que é permitido, que é de livre consumo e que não trará nenhum prejuízo, pois durante muitos anos fomos bombardeados com as propagandas dos produtos “zero açúcar” e “zero gordura”. Nesse pensamento, se açúcar e gordura são coisas “ruins”, logo, se um produto contém “zero do que é ruim”, necessariamente ele será bom! Só que não…

E os “zero lactose”, produtos que foram criados para atender a uma demanda específica da população: pessoas com algum grau de intolerância a este carboidrato, mas que não necessariamente estejam precisando de perder peso, ou restringir calorias.

Também é importante lembrar que os laticínios, apesar de nutritivos, constituem muito mais um hábito de consumo do que uma necessidade, pois é possível obter os mesmos nutrientes por outras fontes alimentares. Durante milhões de anos o único leite que serem humanos tomavam era o leite materno. Somente depois do advento da agricultura e da domesticação dos animais é que os laticínios como os queijos, manteiga e leites fermentados começaram a ser consumidos pelos humanos.

Mas vamos analisar aqui: pra serve, verdadeiramente o leite? Para nutrir, hidratar e proteger os filhotes e faze-los crescer depressa. Para isso, cada espécie produz um leite de acordo com as necessidades de seus filhotes.
A espécie humana é a única que consome leite de outras espécies e exatamente por isso muitos bebês desenvolvem alergia a este alimento. São proteínas estranhas entrando em contato com um trato digestivo ainda imaturo, muitas vezes incapaz de distinguir o que é comida do que não é, pois os milênios de evolução, “ensinaram” que o único leite que é “comida” é o leite materno.

Fora isso vem a questão seguinte: para fazer o filhote crescer depressa, o leite precisa ativar fatores de crescimento como o hormônio insulina e o fator de crescimento semelhante a insulina (IGF1), para estimular a síntese proteica, a absorção de glicose e a produção de gordura e energia. Isso num filhote/bebê é excelente! Significa que o leite está cumprindo sua função. Isso em adultos que estão pretendendo aumentar a massa muscular, é excelente e em pessoas desnutridas ou que necessitam acelerar a cicatrização de uma ferida ou cirurgia, é perfeito!
Mas pensando em pessoas que estão acima do peso, que possuem hiperinsulinemia, resistência insulínica (vide meu post sobre SOP) e pré diabetes ou mesmo diabetes tipo II, é um péssimo negócio! Se leite (a tudo que o contém) aumenta insulina e se há necessidade de baixa-la, temos aí um “conflito metabólico”!

Significa que essas pessoas não podem tomar leite nunca? Claro que não. Mas o problema é a empolgação com os zero lactose e falsa impressão de que podem ser consumidos livremente….
Por isso a orientação de um Nutricionista é fundamental! Para que as quantidades e a frequência sejam ajustadas, para que outras opções sejam disponibilizadas e para que a alimentação cumpra seu papel como agente de nutrição e de promoção da saúde!
Ah! E nem falei da relação das proteínas lacteas com a doença celíaca e as outras doenças autoimunes. Mas fica pra um próximo post!

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