Do dia 01 ao dia 07/08 em diversos países se comemora a Semana Mundial do Aleitamento Materno.
O leite materno é o alimento mais completo que existe, pois supre 100% as necessidades nutricionais do bebê, além de mante-lo hidratado e protegido de inúmeras doenças, pois também age como uma vacina natural. Diversos estudos já demonstraram que o aleitamento materno é capaz de aumentar a proteção contra alergias alimentares, doenças autoimunes, doenças respiratórias, desnutrição e obesidade.
A quantidade e a composição do leite materno sofre variações e vai sendo produzido de acordo com a necessidade do bebê, e não existe essa de leite fraco, como muita gente ainda acredita. Por ser um alimento de fácil digestão, é normal que o bebê mame mais vezes e nem sempre o choro é sinal de fome! Bebês não sabem falar e o choro é o meio de comunicação mais eficiente que existe! Bebês choram sim por fome, mas também por sede, sono, frio, calor… choram porque estão com a fralda molhada ou suja ou porque a roupinha está incomodando ou porque estão sentindo alguma dor e até mesmo porque tem alguém falando muito alto ou por causa da televisão! Bebês também choram de saudade da mãe e mamar várias vezes também os ajuda a se manterem mais tranquilos!
Mas para amamentar, não basta um bebê e um par de seios… é necessário um ambiente tranquilo e acolhedor tanto para a mãe, quanto para a criança. A descida do leite depende de um hormônio chamado oxitocina, o também chamado “hormônio do amor”, que é produzido quando a mãe vê o bebê, ou sente seu cheiro ou ouve seu choro ou mesmo, só de lembrar dele! Mas ambientes e situações estressantes podem inibir a liberação deste hormônio e consequentemente, interferir na descida do leite, dando uma falsa sensação de que o leite é pouco ou fraco.
Além disso, os fatores nutricionais são muito importantes! As mães necessitam de uma alimentação saudável, com muitas frutas, hortaliças e fontes de proteínas como carnes magras, peixes, frango, ovos e precisam de água, de muita água! Sal, açúcar, álcool, temperos industrializados, fast food, frituras, corantes, adoçantes artificiais e aditivos químicos devem passar longe da alimentação. Condimentos mais fortes e cafeína (café, chá preto, mate e chocolate) devem ser consumidos com muito cuidado, pois podem passar através do leite, alterando seu sabor e deixando o bebê agitado. Alimentos mais alergênicos também requerem cuidado, devido ao risco de sensibilizarem o bebê através do leite materno. Laticínios, apesar de serem uma excelente fonte de cálcio, são uma das maiores fontes de proteínas alergênicas para os bebês, e não devem ser consumidos em excesso, apesar da crença de que beber mais leite e comer canjica “aumenta a produção de leite”. O que aumenta a produção de leite, é beber bastante água e alimentar-se de forma saudável de um modo geral. Mulheres que não tem hábito de consumir laticínios, ou que possuem intolerância a lactose ou mesmo alergia as proteínas do leite, não devem ingerir estes alimentos só porque estão amamentando!
E falando em lactose, ao contrario do que muitos acreditam, de todos os mamíferos, o leite materno é o que possui maior quantidade de lactose! São 6,9g de lactose por 100 ml, enquanto que o leite de vaca contém apenas 4,6g!
Assim vale também chamar a atenção para a confusão existente entre a intolerância a lactose (IL) e a alergia às proteínas do leite de vaca (ALV ou APLV), já que muitas mães, acabam precisando excluir os laticínios da alimentação, para que possam continuar amamentando (para saber mais sobre estas duas condições, sugiro a leitura desta matéria, desta e desta. Nesses casos, o problema todo está no grande potencial alergenico das proteínas do leite de vaca, capazes de “passar” através do leite materno e sensibilizar o bebê e não na lactose, já que como vimos, o leite materno contém este carboidrato em maior proporção. E isso é muito bom! Pois o sistema digestivo do bebê, ainda não está preparado para receber outras fontes de carboidratos, como sacarose (açúcar comum) ou amido (presente nas farinhas). Durante os primeiros anos de vida, a produção da enzima lactase é altíssima, justamente para dar conta de tanta lactose vinda do leite materno e esta produção vai diminuindo com o passar dos anos, principalmente após os 5-7 anos de idade. Felizmente são poucos os casos de bebês com intolerância a lactose!
O leite materno também contém gorduras importantíssimas para o desenvolvimento do sistema nervoso do bebê, contém bactérias que o mantém protegido de muitas doenças, fibras necessárias ao bom funcionamento intestinal, além de todos os nutrientes necessários, produzidos exatamente nas quantidades que o bebê necessita!
Amamentar também aumenta o vínculo da mãe com o bebê, mantém mãe e filho mais próximos, acalma e aumenta a sensação de proteção e segurança.
Mas como a mulher também precisa sentir-se calma e segura para que consiga amamentar com tranquilidade, é importante que possa contar com uma rede de apoio familiar e de amigos próximos…. precisa de ajuda não exatamente com o bebê, mas precisa que alguém a ajude no sentido de preparar suas refeições, atender ligações, colocar a roupa para lavar, dar atenção às visitas e até mesmo com o pagamento de contas e compras de mercado. Sabendo que tem com quem contar, a mulher fica muito mais tranquila e o aleitamento materno exclusivo (pelo menos até os 6 meses) e complementar (até os 2 anos de idade), como preconizado pela Organização Mundial de Saúde, tem muito mais chances de ser bem sucedido. Mesmo precisando retornar ao trabalho, é possível continuar amamentando! Caso não seja possível levar o bebê, a mãe pode estocar leite materno em casa (pode congelá-lo) para alimentar o bebê durante a jornada de trabalho… basta que quem fique reponsavel pela criança, aqueça o leite em banho maria (leite materno não deve ser fervido!) e ofereça, de preferencia, com ajuda de um copinho ou colher.
Para auxiliar as mulheres que amamentam e incentivar o apoio dos empregadores, o Ministério da Saúde disponibiliza algumas informações em seu site.